terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Continuação 02 do Capítulo 01- Chuva

-Passei porque sou inteligente. – Ela retrucou como se fosse óbvio. – Ou você acha que eu subornei algum corretor? Se bem que é bom lembrar que eu não tenho grana pra esse tipo de coisa...
-Grana não é a única coisa aceita como suborno.
-É bom que você não esteja insinuando o que eu acho que está...
-Calma, Walkyria, amigo, lembra?
-Há-há. Muito engraçado, Yves... Você não tem medo de virar novamente o solteiro mais cobiçado da região?
-Amor, você sabe que é brincadeira. -Ele falou como se pedisse desculpas.
Faye suspirou. Quando Yves ia aprender a diferença entre cinismo e ultimato?
-Eu sei que é brincadeira, por isso pode ir desfazendo essa cara de “foi sem querer”.
Yves beijou-a uma... Duas... Três vezes.
-Um dia eu ainda vou te entender. – Ele murmurou antes de beijá-la mais uma vez e levá-la para a cama.



-Yves... – ela murmurou, meio dormindo, meio acordada. –São sete e meia... Você não tem que trabalhar hoje?
-Por Deus, Faye... É sábado, eu estou deitado na cama da minha namorada, abraçando-a, e você vem me lembrar de trabalho...
-Mas você trabalha aos sábados...
-Não todos.
-Sábado passado você não trabalhou.
-Eu estou de férias, Faye.
-Você não tinha me contado. Como é que eu ia adivinhar?
-Se eu não contei a culpa foi sua, que ficou me enfeitiçando com esse corpo de fada ontem à noite... – Ele murmurou acariciando o corpo dela de novo. – Por que você faz isso comigo?
-A culpa não é minha. –Ela murmurou, rezando para que ele não entendesse a amargura que saiu sem querer.
Os sonhos também não tinham sido bons naquela noite. A sombra novamente, só que dessa vez ela não fugia dela – ou, no caso, dele – para falar a verdade, ela e o vulto estavam deitados numa cama muito diferente daquela, em um local que com certeza não era aquele. O que a horrorizava, entretanto, era o fato da saudade que doía quando ela se lembrava do sonho; da voz rouca daquele vulto sussurrando coisas que ela não sabia mais o que era; do coração batendo mais forte simplesmente por estar perto do desconhecido.
-Faye?
-Hum? – Ela tentou não fazer cara de culpa; mas não importava; do ângulo em que ele estava não dava para ver o rosto dela. – Volte a dormir, está tudo bem.
-E por que não estaria?


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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Continuação do Cap 01- Chuva

Faye acordou sobressaltada. As batidas na porta seqüenciadas rapidamente meio que ligavam um alarme em sua mente. Olhou zonza para o relógio do celular. Sete da noite. Dormira um bocado.
Enrolou-se com o edredom e foi andando de mansinho até a porta, espiando pelo olho mágico. Era Yves, mas por que estava com tanta pressa?
Sorriu ao mesmo tempo em que abria a porta:
- Que urgência, hein?
Ele não respondeu, levantando-a do chão e beijando-a. Rodopiou com ela pela sala, rindo.
-Posso saber o que estamos comemorando? – Faye tentou de novo
-Eu te amo.
-Eu te amo também, mas ainda não entendo a comemoração depois de dois anos.
-Não é uma comemoração de depois de dois anos. É uma comemoração por ter durado dois anos. – Ele colocou-a sentada em cima do balcão que dividia a sala de janta e a cozinha. – É apenas meu sentimento expressado em ações de adolescentes.
-Adolescentes não falam assim, caro presidente. – Ela riu mais uma vez, observando-o (ainda sentada em cima do balcão) tirar o paletó e a gravata. – Nem dirigem multinacionais.
-E por que não posso ter o melhor de dois mundos? – Yves indagou, voltando para perto dela enquanto abria o colarinho da blusa.
-Quem sou eu para dizer-te o que deves ou não fazer ou no que deves ou não crer.
-‘Cê ta falando difícil, sinal de que andou estudando.
-Só se nesse estudo contar a geografia lingüística do meu travesseiro. – Ela brincou com cinismo. –Fala sério, Yves. Você me conhece bem o bastante para saber que em tarde de chuva eu durmo pra caramba!
-Ainda não vou entendo como você passou no vestibular. – Ele comentou, fazendo uma cara que dizia “poupe-me”.

CAPA

Destino

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Destino Capítulo 01- Chuva





~UMA SEMANA ANTES ~


*Comentario da Wal*

Walkyria
20 anos
Mulher
Solteira (namorando)
Mora: Só
Profissão: Garçonete/Estudante




Bem, essa sou eu, sem uma virgula a mais ou a menos. Tenho um metro e sessenta e cinco, cabelos negros e olhos de topázio imperial. Meu corpo é curvilíneo e levemente bronzeado, o que me rendeu o apelido de Faye (fada) por parte de meus amigos, e de Cigana (não no bom sentido da coisa, pode ter certeza disso) por parte das más línguas.
Tenho um namorado chamado Yves. Ele não é daqui, tem uma beleza diferente da minha, bem... delicado, com feições quase transgênicas. Olhos castanho-claros, cabelos loiros, um metro e noventa de pura gostozura. Um deleite para meus olhos. Ninguém consegue entender o que ele viu em mim.
Yves é um cara rico, bem nascido, com a metade feminina da cidade aos seus pés. Podia ter tudo, mas escolheu a garçonete órfã. No começo eu imaginei que talvez fosse um caso de caridade para ele, mas dois anos se passaram desde que começamos a namorar. Caridade não dura tanto, certo? Eu gosto de imaginar que sim.
Estou terminando meu curso de direito, meu sonho. Eu sempre briguei pelo que eu quis, muitas vezes sem me importar em passar em cima dos outros, pisando em 'calos'. Mas não ligo para oque falam de mim, entende? Eu quero ser feliz.
Você pode estar se perguntando: Essa mulher é jovem, bonita, tem um namorado rico, vai se formar no que deseja... o que falta para ser feliz?
Então eu te conto um segredo: Falta parte de mim. E é nesses dias que chovem que eu me pergunto: o que diabos estou fazendo aqui?



Tarde chuvosa, sem um pingo de clima para estudos. É assim que Walkyria vê a tarde passando por ela: Um saco. É sexta feira, seu dia de folga na lanchonete, mas Yves estava trabalhando, então ela teria que ficar só mesmo.
A solidão, entretanto, é algo com que ela está acostumada. Quem nunca se sentiu só mesmo estando cercada de amigos? Agora imagine se sentir assim permanentemente, mesmo na cama com seu namorado. Nunca estando completa, nunca conseguindo se entregar completamente ou mesmo amar completamente. Yves era um ótimo amigo, sempre por perto, o apoio dela nas horas difíceis. Alguém com quem ela deseja passar o resto da vida. E, mesmo com ele, Walkyria ainda desejava algo mais.
Fechando a janela, com tristeza pois a chuva estava parando, Walkyria seguiu para sua cama, com o celular e os fones na mão, cobrindo-se com dois edredons, colocando música alta e fechando os olhos.
Como ela dormiu com todo aquele barulho e um segredo fora da compreensão humana, mas ela dormiu, e seu sono não foi tranquilo. Nele, ela fugia de uma sombra disforme, que chama seu nome com uma voz sedutora que a fazia quere correr de volta para a sombra. O mais estranho - Walkyria não lembraria mais tarde - era a sombra chamando-a de Faye...

Prólogo-Destino

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Era estranho...
Ela conseguia saber tudo o que se passava a seu redor, sabia que estavam falando dela. Eram... dois homens? Ou três? Não. Eram dois. Tentou mover-se, mas seu corpo não respondia. O desespero cresceu em seu peito, junto com a certeza de que estava presa.
Tentando vencer o panico, concentrou-se nas vozes. Uma delas era-lhe familiar, já a outra nunca ouvira... Ou ouvira e não lembrava? Seu coração batia mais rápido a cada palavra que eles falavam e ela não conseguia entender. O que estava acontecendo?
Lembrava-se de estar em casa, esperando uma visita... Seria esta a voz conhecida? E depois mais nada, apenas o escuro em que se encontrava.
Sua mente traduziu uma das frases dita pelo estranho, ou mesmo tempo que o ira tomava conta dela:
-Ela volta comigo.